quarta-feira, 11 de março de 2009

O rosto da janela

Olhou a janela novamente, seu rosto estava petrificado, a mulher que virá já não estava mais lá. Respirou fundo, fechou os olhos. Virou para o quadro branco, tentou prestar atenção na aula. Não conseguiu, o rosto pálido ainda lhe vinha á mente.

Olhou a janela novamente, a mulher estava ali sorrindo. Sentiu o sangue fugir do corpo. Baixou a cabeça e ficou segurando-a com as mãos. A porta bateu, o professor foi no corredor ver quem era, voltou comentando a estranheza de não haver ninguém no corredor.

Olhou a janela novamente, a mulher lhe chamava. Sentiu a boca ácida, sentiu uma mão no ombro, o corpo todo estremeceu, era apenas um colega perguntando como estava. Saiu um sim entre os dentes e o vômito. O cabelo foi colocado para traz enquanto o líquido jorrava pela boca aberta, pedaços de maçã caiam no chão junto com o suco que ela tomara de manhã.

Olhou a janela novamente. A mulher sorria e continuava a chamar. Levanto-se trôpega, andou cambaleante, ouvia alguém chamá-la, devia ser aquele mesmo colega que lhe afastara o cabelo do vômito. Continuou o percurso trêmula, sentia o gosto amargo ainda na boca. Abriu á janela, a mulher ainda estava lá, a sorrir e chamar. Subiu na janela, sentiu mãos quentes tocarem as suas, tentando puxá-las, nem se importou, e de nada adiantou tentarem. Pulou para mulher cujos frios braços estavam estendidos.

Olhou a janela novamente, e sorriu.